GONZAGA EMPREENDEDOR
Prestei consultoria ao SEBRAE-PE durante 4 meses para preparar os textos e fundamentos conceituais e teóricos para o PAVILHÃO LUIZ GONZAGA EMPREENDEDOR da FEIRA DO EMPREENDEDOR realizada no CENTRO DE CONVENÇÕES DE PE na semana de 17 a 20 de outubro passado. .Foi um trabalho muito interessante e contei com a colaboração de Rafael Leite, historiador, Heledelane Nascimento Santos e Gleudson Trajano de Menezes, auxiliareis de pesquisa.Trata-se de um olhar da vida e obra de Gonzaga sob o prisma empreendedor. A seguir, imagens do pavilhão, nossa visita e artigo que escrevi sobre o tema. Durante a pesquisa evidenciamos a influencia de L. G. sobre a gastronomia, dança, artes gráficas, grupos musicais, entre outras áreas da economia criativa. Nas imagens abaixo, vê-se a estilista Celinha do Cariri ao meu lado.
Prestei consultoria ao SEBRAE-PE durante 4 meses para preparar os textos e fundamentos conceituais e teóricos para o PAVILHÃO LUIZ GONZAGA EMPREENDEDOR da FEIRA DO EMPREENDEDOR realizada no CENTRO DE CONVENÇÕES DE PE na semana de 17 a 20 de outubro passado. .Foi um trabalho muito interessante e contei com a colaboração de Rafael Leite, historiador, Heledelane Nascimento Santos e Gleudson Trajano de Menezes, auxiliareis de pesquisa.Trata-se de um olhar da vida e obra de Gonzaga sob o prisma empreendedor. A seguir, imagens do pavilhão, nossa visita e artigo que escrevi sobre o tema. Durante a pesquisa evidenciamos a influencia de L. G. sobre a gastronomia, dança, artes gráficas, grupos musicais, entre outras áreas da economia criativa. Nas imagens abaixo, vê-se a estilista Celinha do Cariri ao meu lado.

A OUSADIA EMPREENDEDORA DO
SANFONEIRO LUIZ GONZAGA
LUÍS
CARVALHEIRA DE MENDONÇA (*)
A obra de Luiz Gonzaga é uma das mais festejadas da música popular
brasileira. Inseriu na alma brasileira a crônica da vida sertaneja nordestina,
desde a vivência do semi-árido até a diáspora dos migrantes nas cidades grandes
do Brasil.Sua contribuição é comparável à de Pixinquinha, Noel Rosa e tantos
outros. Há, porém, na história de sua vida momentos relevantes de audácia empreendedora
presentes em suas quase 20 biografias que
não foram ainda realçados talvez porque não houvesse esse olhar empreendedor,
mas que merecem ser apreciados nas comemoracões de seus 100 anos de nascimento.
O ponto que defendemos é que ele foi tudo que foi, fez tudo que fez e
realizou tudo que realizou porque sua trajetória foi marcada por ousadias
empreendedoras. Somente esta postura explica por que e como uma pessoa negra, que
experimentou a seca do Nordeste, era semi-analfabeta, migrou para o Centro- sul
do país, tentou a sorte na cidade do Rio de Janeiro, tocou vários ritmos, foi
impedido de cantar suas canções e sofreu humilhações nas rádios, conseguiu dobrar
tudo e superar-se, transformando-se no maior sucesso de disco do pais na década
de 50, conforme Gil proclamou: o baião
passa a se constituir no principal gênero da nossa música popular, depois do
samba.
Na área dos estudos empreendedores, seu perfil pode ser enquadrado em diversas
óticas conhecidas do empreendedorismo desde Schumpeter à McClelland, de Drucker
à Fillion, de Dolabella à Souza até a mais recente corrente de ação
empreendedora via mobilização e integração do capital social do migrante no
Sudeste do pais.
Já a linha do tempo de sua vida a partir da fuga do Exu, a carreira
militar, a trajetória de dificuldades e sucesso no Rio de Janeiro, a volta a
Pernambuco em busca simbolicamente de suas raízes
inspiradoras, indica tal audácia empreendedora. Na verdade, sua obra foi genuinamente brasileira. Não buscou o mote de suas
canções nos tangos, nas valsinhas, nem nos fados ou nas composições maviosas
americanas do pós-guerra embora conhecesse todos esses gêneros. Foi na sanfona,
na zabumba e na delicadeza do triângulo que ele esculpiu suas canções, cumprindo
o rito da inspiração poética no dizer do poeta Fernando Pessoa ao valorizar o Rio
Pajeú que banha a sua aldeia ao invés dos Rios Capibaribe e Beberibe da capital
do seu estado ou a Baia da Guanabara da cidade maravilhosa. Por isso Ricardo
Cravo Albin, diz que, em 1945, ele
surgiu para o sucesso como uma figura de raríssima importância. (…) que
teve decisiva participação histórica dentro da afirmação de uma cultura
nacional mais ligada às fontes telúricas do próprio Brasil.
À luz dos comportamentos do EMPRETEC (McClelland) /SEBRAE, o enquadramento dele é paradigmático.
Explorou a temática da geografia física e humana do Nordeste; adotou estratégia
de focalização nesta temática nunca a abandonando; gravou
músicas baseadas nos códigos simbólicos das raízes melódicas dos códigos dos migrantes
nordestinos do Rio e de São Paulo e usou
a era do rádio como o veículo para divulgar suas criações pelo país a
fora. Inseriu-se na indústria
fonográfica, com base no Rio de Janeiro, utilizando-a como vetor da logística
de vendas de sua obra nas capitais do Nordeste e pelo Brasil. Graças a um bom círculo de relações tornou-se
um dos músicos que mais gravou na famosa RCA Victor, produtora dos
discos de vinil de então; soube, ainda, colocar, teimosamente depois
de vencer várias resistências, sua voz em suas canções e protagonizou o papel de
Rei na corte que inventou. Em virtude deste carisma convidou parceiros a dedo,
conhecidos e novatos e associou-se a coautores fundamentais como Humberto Teixeira e Zé Dantas. O tiro
certeiro dessas duas escolhas diz tudo. Um advogado e um médico, homens
formados e brancos, tornariam a sua presença mais palatável aos padrões da
sociedade preconceituosa de então contra
nortistas pobres, escuros e analfabetos como era seu estigma, observa a pesquisadora Sulamita Vieira em obra
interpretativa da produção dele. Aliás, como descobridor de talentos, a revelação
do então jovem Dominguinhos
dispensa comentários.
Soube criar, também, em torno de sua produção uma cadeia de fornecedores,
acompanhantes, seguidores e admiradores e inventou a fidelização de seguidores
ao doar sanfonas. tendo atravessado o Brasil de norte a sul sob patrocínio de
uma grande empresa em iniciativa pioneira à epoca. E mais, quando
do lançamento do BAIÃO, revelou-se marketólogo (expressão de hoje) porque fez o evento acontecer, dentro de uma estratégia
mercadológica comercial planejada, como assinala sua
biografra, Dominique Dreyfus: contava Humberto Teixeira, a ideia de Luiz
Gonzaga era fazer uma grande campanha para lançar a música do Nordeste (...) no
caso do baião houve um real planejamento, uma intenção de lançar no Sul, e,
portanto, para todo o Brasil, e isso tudo partiu da cabeça de Luiz Gonzaga, e
só da cabeça dele.
Não há dúvida, em um ambiente
histórico onde a boemia predominava, sua audácia fez com que ele harmonizasse
ócio (mundo das artes) com negócio (mundo da economia) transformando-se em
pioneiro da economia criativa, resultado da autoconfiança, da perserverança e do
comprometimento, lastros da ousadia do seu espírito empreendedor singularmente genial.
(*) O autor é professor da
UNICAP, pesquisador de empreendedorismo e consultor credenciado do SEBRAE-PE.
Este texto resume pesquisa produzida para esta instituição, durante o primeiro
semestre de 2012.
As pessoas interessadas em aprofundar o assunto posso disponibilizar slides da apresentação acima. Pedir por mensagem. Ab LCM
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